Saber como se proteger do câncer, conhecer os sintmas e como fazer o auto exame é importante, porém conhecer histórias reais de quem passou por um câncer de mama pode nós dar uma visão mais ampla de todo o processo de cura e mais, nós ensina a ser mais humanos. Confira mais no relato da 3º SGT Meire Guilherme.
ENTREVISTA
- Como você percebeu que poderia estar com o câncer de mama? Como foi essa descoberta?
R: Dia 17 de setembro de 2016, quando eu estava fazendo o autoexame, eu notei que tinha um carocinho do tamanho de uma semente de laranja e achei estranho.
- E você já tinha essa rotina de fazer o autoexame ou foi uma campanha que te despertou?
R: Era uma rotina, através também das campanhas eu me tocava para ver se estava tudo bem. Eu sou o tipo de pessoa que observa muito os sinais do meu corpo, até mesmo as fezes, eu olho para ver se está tudo bem. Sempre tenho essa rotina de me cuidar nesse sentido.
- E aí, Após se tocar e perceber o nódulo como você procedeu depois?
R: Então, aí eu fui ao meu médico né, que é um ginecologista e falei sobre o exame que a gente fez em janeiro, se precisaria repetir porque eu estava notando um nódulo; e ele disse que provavelmente não deveria ser nada, já que a gente tinha feio o exame em janeiro, mas ele ia repetir. Daí eu fiz uma ultrassonografia com ele e não deu nada, ele falou que poderia ser hormonal, só que eu fiquei com aquela “pulga atrás da orelha”, aquela dúvida.
- E aí, teve o diagnóstico, como é que foi o primeiro impacto?
R: Então, na época do diagnóstico, eu acho que porque eu estava me preparando tanto para o bom, como para o ruim, eu assistia muitas entrevistas e visitava muito o site do Inca, que é o Instituto do Câncer; então eu lia muito, e quanto mais eu lia, mais confortada eu me sentia, eu começava a entender que isso não era o fim de uma vida, o fim do mundo. Então quando eu recebi meu diagnóstico, eu pensei assim “eu vou vencer, eu vou me tratar”.
- E, como começou o tratamento? Como foi?
R: Então, meu tratamento começou com uma mastectomia – a retirada total da mama, eu fiz ela no dia 02 de fevereiro de 2017 e só em 08 de maio que eu comecei a quimioterapia.
- Primeiro, tinha alguma solução há não ser a mastectomia?
R: Hoje, eu olho para trás e é engraçado, porque depois do tempo acredito que a gente adquire maturidade, experiência, e talvez a gente correria mais atrás de um passado que já não tem mais como ser reconstruído. Mas o certo é que eu deveria ter ouvido mais profissionais da área, eu deveria ter opções para que eu pudesse escolher uma. Então eu tinha essas opções, hoje eu vejo que não necessitava eu retirar a minha mama totalmente, porque o meu caso, era um caso de grau 1, que eu tinha chance de viver bem né.
- Depois da retirada é que veio a quimioterapia?
R: Sim, o curso do meu tratamento foi esse porque eu não tive a ideia de consultar a opinião de um oncologista quando eu fui diagnosticada. Eu estava somente nos cuidados de um mastologista. E ele só me enviou para o oncologista depois que eu já tinha retirado a mama, retirado a prótese.
- Você passava muito mal com a Quimio? Se sentia exausta? Como era o seu físico?
R: Na época, eu me sentia, nos três primeiros dias, muito mal. Eu me sentia mal de tal forma como se fosse um vulcão dentro do meu estômago, alguma coisa voltando sempre. Eu tomava os medicamentos para vômito e muitos outros que eram receitados, eu comia normal. Hoje, se eu tivesse que mudar, eu mudaria minha alimentação durante o processo de quimio, eu faria uma alimentação mais saudável.
- E aí acabaram as quatro sessões, como você se sentiu? Você se sentiu liberta? Ou você ainda achava que tinha o câncer, e como foi esse processo de cura?
R: No processo de cura, eu fiquei muito feliz, minha última sessão foi 10 de julho, e durante esse tratamento, como eu fiz vários exames, foi descartada a radioterapia, além das outras 12 sessões que eu teria que fazer. Então eu me sentia feliz, me sentia liberta, me sentia curada; sabendo que mesmo não fazendo esses tratamentos convencionais, eu teria que usar o medicamento por 12 anos.
E eu me sentia confortada, mas um pouco perdida, porque eu não tinha ideia de como eu retomaria minha vida, já que num curto período houve tantas mudanças. Foi à frase de um endocrinologista que eu me apaguei: “É porque você está tentando retomar de onde você parou. Porque você não começa tudo novo?”. Então quando eu assimilei bem essa frase, eu consegui me senti nova, pronta, curada.
- E como foi se ver mulher sem uma parte sua? Foi um problema para você? Não foi?
R: É, não ter uma parte do meu corpo me doeu, porque não é todo sutiã que dá certo, ainda mais aqui em Palmas; é muita dificuldade para encontrar, todos os que eu encontrei até hoje de sutiãs para mastectomizadas foram em sites, demora a chegar. Então a gente passa uma dificuldade quanto a não ter a mama, é um órgão importante, um órgão também sexual, mas quanto a esse sentido, eu estava bem resolvida, porque eu pensava que eu retirei uma parte do meu corpo que não era útil mais, muito pelo contrário, ela ia me fazer perder o corpo todo. Então, quando a isso eu consegui!
Tem horas que não é fácil, para encontrar um biquini que tampa direitinho é difícil, mas eu tenho me sobressaído nesse sentido de ter uma nova vida né; uma vida sem uma parte do meu corpo.
- Você fez o tratamento pelo FA Saúde, como foi essa acolhida? Foi um bom plano para você?
R: O FA Saúde realmente me deu todo o suporte para o meu tratamento oncológico e o suporte, também, até psicológico, porque como as nossas emoções ficam um pouco fragilizadas, eu sentia esse apoio das próprias funcionárias e colegas de trabalho, e de muitas outras que me levavam uma palavra positiva, as vezes falavam mesmo “vai passar”, “cabelo é de menos”, por mais dor que a gente sente de não ver nossos cabelos, quando a gente pega neles hoje depois de tanto tempo, a gente vê que é o de menos, a vida importa mais, então eu tive todo o apoio, eu só tenho a elogiar mesmo o plano. Mesmo porque, uma limpeza de cateter, por exemplo, eles conseguem uma autorização imediata lá no oncológico, apenas passam o e-mail e já conseguem, então é muito rápido. Com o FA Saúde, quem passa por um tratamento desses está realmente bem amparado.
- E qual seria, hoje, a sua grande lição e mensagem que você gostaria de passar, com tudo que você viveu?
R: Eu gostaria de deixar para as colegas que estão começando o tratamento, ou que foram diagnosticadas, que isso não é o fim do mundo, é o começo de uma nova vida! E aproveitem cada minuto, porque muitas pessoas com quem vocês terão vínculos de amizade, talvez vocês não se verão mais. Aproveite o que a sua família está fazendo por você! Muitas vezes eles não estão capacitados para administrar uma pessoa doente, com uma doença dessas na família; mas tudo que eles fazem é por amor. Então aproveitem cada minuto, valorizem!
Fonte: Ascom Fundação Pró-Tocantins